DEUS E POLÍTICA: UM RELATO ÍNTIMO

 


 Sempre fui uma árdua defensora de que Deus e política não poderiam ser misturados; pensava assim por ser uma jurista, uma pessoa que sempre se dedicou ao estudo das Leis, do Direito e, portanto, da Constituição Federal de 1988, a maior norma de nosso país. 

O artigo 19, da Carta Maior, diz que é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçarlhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança. Ou seja, adotamos a regra de que o Brasil é um Estado laico, secular ou não confessional, cujo sentido é o de que somos neutros, no campo religioso. 

Ser neutro significa que permitimos, respeitamos e protegemos todas as religiões, fés e compreensões filosóficas da vida, inclusive as posições que negam a existência de quaisquer divindades, como o ateísmo. 

Por outro lado, a separação entre Igreja e Estado não significa incompatibilidade entre um e outro, nem falta de diálogo, a ideia que norteia a norma é não permitir que uma determinada religião seja “imposta” ou tenha qualquer tipo de “superioridade” perante as demais por ser, por exemplo, a adotada pelos chefes do poder executivo, presidente, governadores e prefeitos; respectivamente, no âmbito federal, estadual e municipal. 

 Contudo, ao decidir filiar-me a um partido e ver como as coisas acontecem “de dentro”, fortaleceu-se, em mim, a ideia de que Deus precisa estar mais presente no campo político.

 Não tem relevância a realidade metafísica ou como você o denomine, Criador, Jesus Cristo, Brahma, arquiteto do Universo, Consciência universal, inteligência amorosa, Tao, o campo quântico, Adonai, Elohim, Jeová, Pantokrator, não importa o nome que cada um de nós utiliza para referir-se a Deus ou a religião escolhida como canal para acessálo. Como cristã que sou, entendo que o amor ao próximo implica, antes de tudo, o respeito a todas as formas de expressão de fé e a ideia de que religião é opção, escolha, jamais imposição. 

Passei a constatar que a política encontra-se corrompida, suja, sendo um verdadeiro cenário de guerra de egos, no qual a centelha divina, nosso Eu superior e o Deus que habita em cada um de nós perde espaço pela necessidade de que todos parecem ter de brigar pela razão, chamar atenção, pelo desejo cego de vencer mesmo que, para isso, precise fazer o outro de escada ou alavanca; ganhar pelo poder, influência e/ou ambição, deixando de lado aquilo que é o coração da política e, ao mesmo tempo, a base de quase todas as expressões de fé: o amor ao próximo e o desejo de servir como expressão máxima desse sentimento. 

ERIKA ROCHA – Pré-candidata a vereadora pelo partido NOVO.