“O homem é escravo do que fala e dono do que cala. Quando Pedro me fala de João, sei mais de Pedro do que de João” (Freud/Lise Bourbeau)

 


João ou Paulo; Sigmund Freud ou Lise Bourbeau, a incerteza quanto à verdadeira autoria não retira a beleza e a atual imprescindibilidade da reflexão.

No ambiente político, a utilidade é gritante, há a necessidade de que consideremos um uso “ativo” da fala. É dizer: não basta termos em mente e utilizarmos a compreensão como filtro do que ouvimos, é necessário que nos posicionemos para não alimentar discussões ou vozes que se voltem para os agentes políticos, esquecendo da verter energia ao debate de ideias, voltadas ao bem comum, com protagonismo para o coletivo e referentes ao povo.

A oração do pássaro traduz tal sentimento, transcrevo alguns trechos:

“Senhor, tornai-me louco, irremediavelmente louco, como os poetas sem palavras para os seus poemas, os suicidas repletos de coragem perante o medo de viver (...)
Quero a loucura explosiva, sem a amargura da razão ética das pessoas saciadas à noite pela TV, dos deveres dos padres vazios de amor, dos discursos políticos cegos ao futuro. Fazei de mim, Senhor, um louco
embriagado pelo vosso amor,
para poder aprender a ciência do povo(…).”

A loucura mencionada é apenas uma expressão que traduz a força do desejo de aprender a ciência do povo, é a maior das sanidades. No campo político, portanto, que possamos direcionar nossas energias não para falar do outro; mas para pensar em projetos e ideias factíveis, em benefício da população.

Já pararam para pensar em quanto tempo se perde e quanta energia dilui-se em intrigas, fofocas, questionamentos inócuos e/ou elucubrações político-partidárias?! Foca-se no imaginário, alimenta-se medo, nutre-se a desordem e numa incoerência absurda: queremos “mesmo” defender a Constituição e seus valores e princípios? E o amor ao próximo? Ou tudo não passa de retórica e o que vemos é o uso do nome de Deus para fins egoísticos (egoicos – não no sentido positivo de representar a personalidade; mas, no sentido negativo, de suprimir a consciência Superior) ?  

Nas palavras do teólogo e pastor Ed René Kivitz, não sejamos incoerentes, há muitos falsos conservadores que, em verdade, apenas teorizam a defesa de valores cristãos porque sabem que o discurso agrada, brincam com a fé do povo, debocham dos mais humildes e agem, na prática, como pessoas que querem “um Brasil em que as hierarquias sejam mantidas, onde os brancos valem mais que os pretos, os homens mais que as mulheres, os ricos mais que os pobres, os heterossexuais mais que os homossexuais e assim por diante!” 

Erika von Sohsten

Pré-candidata à Vereadora de João Pessoa


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